segunda-feira, 21 de junho de 2010

Stand up em várias línguas

Romeno:


Húngaro:


Árabe:


Ucraniano:

Molequinho falando uma língua inventada

Os americanos chamam isso de Gibberish, mas não tem nada a ver o com gibberish ritual. É mais uma língua do pe, superelaborada.

Primeiras notas que eu fiz no ônibus vindo pra Curitiba

Um título provisório: "Hipócritas"

Interesses:
- Um entendimento mais orgânico do gromelô teatral (na Peça, surgiu como uma alegoria, tenho que parar pra entender "a pergunta no corpo", ui)

- Aprofundamento da função fática/representativa da língua inventada: como e o que a fala representa quando a palavra não tem significados específicos?

- Um passeio despretencioso pelo formato que tem me interessado - microfone, garrafinha de água mineral, luz frontal. Não quero me aprofundar nisso ainda, mas quero aproveitar o ensejo para experimentar.

- Entender melhor as seguintes relações hierárquicas: a) Performer - público, b) Artista - leigo, c) Fala - movimento, d) Quem tem - quem não tem domínio tecnológico (no caso, da língua inventada).

- Entender o paradoxo exclusividade da língua inventada X a necessidade de comunicar.

Um possível ponto de partida físico:
- As texturas intuídas do corpo X as texturas intuídas da fala

- As estruturas intuídas do corpo X as estruturas intuídas da fala.

- As linhas da fala X as linhas da pele.

O que eu não quero:
- O uso do gromelô que se dá na tradição do teatro sagrado / ritual.

- O uso do gromelô que se dá na comédia do absurdo.

- Simplesmente enfiar esse recurso num formato "naturalzinho de tevê", como jeito de fugir das estéticas anteriores. O naturalzinho, por enquanto, parece possível, mas é preciso entender isso melhor: como eu, eu mesmo, funciono em uma língua inventada? Como eu me expresso em uma língua inventada?

Referências:
- Peter Brook, Simioni, Artaud, Schwitters, Tzara. Ainda: números de stand up em línguas que eu desconheço totalmente. Crianças balbuciando (a criança balbuciando inverte a hierarquia da língua inventada. A língua inventada, nesse caso, não separa uma elite de conhecedores, mas, ao contrário, uma tentativa lúdica de se incluir no grupo dos que falam uma língua). Música gromelô: Diamanda Gálas, Sigur Rós, Cocteau Twins.

Sonhos/fetiches:
- Transformação digital da voz: sintetizadores, uso de mais de um microfone, algum instrumento musical: abafamentos, projeções, reverberações.

- Vídeo: Perder o medo do vídeo. O vídeo como propositor de significados ficctícios e autodestrutivos.

- Criar uma ficção de compreensão. Instaurar uma impressão verossímil de que se está entendendo tudo.

- Produzir efeitos cômicos com o gromelô, não usando a comédia física, mas apenas pelo timing da fala.

- Aprender uma made up language (língua do pe, trariocon, pig latin), ou ainda inventar uma língua a partir de princípios semelhantes. (Como essas línguas se baseiam na adição de novas sílabas, isso resultaria numa dilatação do tempo?)

Perguntas e coisas esparsas:
- Seria possível variar as dilatações temporais da língua inventada a partir da concisão de outras línguas? (Mamihlapinatapei: Vocábulo que pertence a um idioma indígena da Terra do Fogo, e que quer dizer, simplesmente, o “ato de olhar nos olhos do outro, na esperança de que o outro inicie o que ambos desejam mas nenhum tem coragem de começar”)

- Vi um caminhão passando. Só nele vi um monte de palavras que eu não conheço: SUDU, Probo, Sentic, Ferbra, Estaçofer. Hipótese: Seria a nossa mitologia pessoal lacanianamente afetada pelas palavras desconhecidas de todo dia? Que significantes Sudu e Probo pescam na minha mente? All the single ladies = Ó o docinho de leite, pra quem não fala inglês?

- Eu realmente já desencanei do livro, nem gosto muito do Tim Burton, mas em algum momento isso vai ter que aparecer no discurso. Será que eu deveria voltar a pensar no livro ou buscar alguma relação mínima com ele?