domingo, 18 de julho de 2010

Uma data de coisas


Estou aqui ao lado de dois portugueses, e adoro esta expressão “uma data de coisas”. É como qualificar as coisas por um elemento que não diz respeito a coisas, mas ao tempo: “uma data”.

E estou as voltas (de fato numa relação circular) com muitas coisas há muito tempo. Sinto que a Morte Melancólica do Rapaz Ostra foi um ponto de partida para a reorganização e re-aparição de um novo/velho imaginário – fantástico, estranho, monstruoso.

Posso dizer que me ocupo agora de uma “data de coisas” que costuro e descosturo, encontrando e desencontrando relações entre elas. Vou tentar fazer uma lista: Um ovo, um arco e uma flecha, uma pele (com pelos), um furo, um buraco, um susto, um acidente, uma coca-cola (mas também “áfri-cola” e “Fritz-cola”), e alguma coisa vermelha.

Gerei algumas imagens que parecem um tanto absurdas, mas não gostaria que elas fossem vistas como “surrealistas”, pelo menos não neste sentido de que a distancia e a improbabilidade da relação entre as imagens é o que lhes dá força e faz delas interessantes.

Por exemplo nesta imagem de um balão peludo voando, o que me interessa está mais na monstruosidade de algo peludo voando, que se conecta com os outros pelos que tenho utilizado e com as outras coisas que voam... Enfim, há uma concretude nas relações que me interessa sempre, e que se perde quando mostro apenas uma imagem “fantástica”, mas achei que era importante partilhar... e acho que ela pode se conectar com as coisas peludas e monstruosas da Michelle ou de outros.

pra começarmos a conversar...

Um comentário:

  1. Então, não acho que surrealismo parte de distância e improbabilidade. Pelo contrário, acho que tem a ver com criar relações diferentes entre coisas que são muito concretas e sensorialmente muito conhecidas, mas com uma lógica que não é argumentativa. Tem uma busca por um tipo de encadeamento de ideias que não é a do cotidiano, que tá mais perto da lógica do sonho.

    To falando isso não pra criar uma discussão sobre o conceito, mas porque me parece o teu trabalho pode estar justamente aí e a referência do surrealismo pode ser boa. Talvez os métodos sejam bem diferentes, não me parece que você tá interessada em automatismo, em conexões aleatórias, mas acho que tem um interesse em construir realidades fantásticas e aí as coisas se aproximam.

    Queria saber mais sobre como você chegou nessa lista e que tipo de conexões tem surgido entre essas coisas.

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